quinta-feira, 29 de março de 2012

Duas mortes.


De fogo em fogo cruzado, a tropa de uma só vai seguindo cautelosamente.
A paz que sentira antes da partida, já nem lhe vem à mente...
Não se lembra de como é ser contente...
Perdeu essa capacidade depois do tanto de morte que viu, depois do tanto de corpos que empilhou, depois de apertar o gatilho, acertar...
Morreu de pouco em pouco, e o que se vê hoje, são sinais de que para achar que isso é vitória, é preciso ser um tipo de louco.
Esperança foi o que lhe sorriram os familiares, os amores, e logo viu que com ela, não haveria mudança.
Preferiu o patriotismo ao ser “humana”, lhe deram então confiança.
Ao repousar os olhos, junto das estrelas e a sujeira, não sabia o que pensar, pois nem a mesma gostaria de ouvir, as histórias que poderia contar.
Sem saudade, e sem perguntas, foi seguindo como se das próprias razões, tivesse sido expulsa.
Mais um machucado, mais um soldado baleado, mais um número a estatística adicionado.
Depois da terceira ou quarta bomba, o silencio trás do cheiro da desonra, da derrota.
Sua história teve o desfecho mais esperado...
E pouco antes de a luz apagar dentro do ser, houve dor, houve alívio, mas nunca outra vez, haverá prazer... 

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